Viver num ambiente de trabalho divertido melhora o rendimento de uma equipe inteira. O relacionamento entre funcionários e patrão precisa ser leve e saudável. Mas, há uma linha muito tênue entre ser divertido e “família” e ser grosseiro a ponto de caracterizar uma relação de Assédio Moral.

Piadinhas, brincadeirinhas até então inofensivas, um vocabulário mais “despojado” podem resultar em problemas futuros. Há diversos exemplos por aí e nós, tanto na função de empregados como na de empregadores, devemos estar atentos aos limites que tornam essa relação saudável.

Pensa comigo: o seu chefe tem a liberdade de chamar você de “fdp”. O tom que ele dá ao “elogio” é, aparentemente, amigável e irreverente. Você acredita na índole da pessoa e aceita o xingamento, pois ele denota uma relação de intimidade entre vocês. Isso passa a ser natural no dia a dia do seu trabalho. Seu chefe “brinca” com você, dá tapinhas nas suas costas e vocês se divertem muito numa mesa de bar no final do dia.

assédio moral

Se você se identificou com essa situação e acha que isso está certo, sinto dizer que não está. O assédio moral é crime.

Define-se com Assédio Moral a exposição de trabalhadores a situações constrangedoras e humilhantes no ambiente de trabalho ou durante a execução de suas funções. A humilhação é definida como sentimento de ser ofendido, vexado, rebaixado, inferiorizado, ultrajado, magoado, menosprezado, etc. E esse sentimento causa dor e tristeza no indivíduo.

Mas, na sua inocência, você não vê os elogios e a liberdade como assédio. Até o dia que, como dizem, a pessoa “te pega estragada”.

Não consigo acreditar quando ouço relatos de pessoas que tem esse tipo de relação com o chefe e acham isso normal. Por mais “descolado” que seja o ambiente de trabalho, por mais informal que seja a função, não há nada melhor do que o cuidado com as relações interpessoais. Imaginem o Facebook, por exemplo. Você conseguiu um emprego numa empresa de entretenimento. Mesmo sendo um ambiente informal e despojado não há o que justifique o Mark Zuckerberg a te chamar de “imbecil”.

Como empregadores e, na tentativa de tornar as mais de 8h de convívio diário com nossos funcionários (sim, nós passamos mais tempo no trabalho do que em casa, com nossos familiares) menos formal e mais agradável, acabamos por criar laços de amizade e estabelecer relações de intimidade. Isso é muito positivo desde que ambos tenham consciência das posições que ocupam. O patrão precisa cobrar resultados do funcionário e liderar a equipe. E o funcionário precisa dar os resultados que a empresa procura. Quando a relação entre ambos, empregado e empregador, perde esse foco, ambos são prejudicados.

Com a tecnologia dos dias de hoje, não raro podemos ter conversas gravadas, vídeos gravados e nossas ações serem interpretadas de maneira errada por quem não está presente e não conhece o tipo de relação estabelecida nesse ambiente. Você já imaginou uma gravação dessas sendo colocada nas redes sociais?

Na melhor das hipóteses, o “elogio” do seu chefe faz você acreditar numa relação de intimidade e amizade. Mas, há funcionários que se sentem mal com esse tipo de situação e acabam se isolando do grupo.

Independente da proximidade há uma hierarquia no ambiente de trabalho. E, claro, partimos do princípio que há educação e bons modos. Se nós permitimos certas liberdades, um dia podemos nos arrepender de tê-las dado a alguém. E o caminho de volta é complicado.

Como dizem, “dê tudo, mas não dê liberdade”. Respeite para ser respeitado.

 

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