O assunto mais comentado da semana nas redes sociais: Unificação de planos odontológicos e de suas tabelas é alvo de protestos, saiu no Estadão. Todos vibraram, pois a decisão sobre o “cartel” da Rede Unna vai ser nacional. Fiquei muito mais feliz pelo CRO-RS, que até então ainda não tinha se manifestado, estar presente na reunião que ocorreu em Salvador.

Trabalhar, trabalhar e trabalhar…

A OdontoPrev disse que não houve formação de cartel para a VEJA, e sim que ela comprou todos os planos. Cartel é quando as empresas combinam os preços, e como ela agora é proprietária dessas empresas quem manda nos preços são eles.

Não sei o que pensar sobre isso. Mas uma coisa é certa: a OdontoPrev lucra muito com isso tudo faz tempo, e por isso abriu o capital na Bovespa, onde teve as melhores ações no setor de serviços em 2007. Segue abaixo um texto do Luiz Reginato, que é meu namorado economista e assessor de investimentos da XPF Invest falando um pouco sobre a função dos dentistas conveniados à OdontoPrev como geradores de receita.

O que um investidor leva em conta na hora de abrir um negócio próprio ou tornar-se sócio de uma empresa? Acredito que a primeira coisa que vem a cabeça de todos é o potencial de lucro do negócio. Para uma empresa com capital aberto, cotada em bolsa de valores, não é diferente: o lucro é quem manda. Obviamente que a análise de um investimento não se restringe a apenas avaliar se a empresa tem lucro ou não. Outros pontos também são importantes, tais como: solidez do negócio, nicho de mercado em que a empresa está inserida, fatia dominada pela empresa no setor de atuação, possibilidade de aumento da base de clientes e baixo risco de perda de produtividade.

Em uma empresa de prestação de serviços o capital humano tem papel fundamental na formação da receita. Portanto, o investidor que avalia uma empresa deste ramo se preocupa com o modo em que esta mantém os prestadores de serviço focados em gerar receita para a empresa pelo menor custo possível.

Avaliando o desempenho de uma empresa prestadora de serviços cotada em bolsa de valores, tanto em aumento de cotação de suas ações como em distribuição de dividendos aos acionistas, constata-se que a OdontoPrev está conseguindo atingir os objetivos dos seus investidores. A cotação da ação ‘’saltou’’ de R$ 5,59 em 2006 para R$ 30,00 atualmente (descontando os dividendos distribuídos e ajustando os preços das ações conforme eventos e desdobramentos no período) e o lucro consolidado da empresa cresceu de R$ 26,7 milhões em 2006, ano que suas ações começaram a cotar em bolsa de valores, para R$ 157,9 milhões no consolidado de 2011, último ano de apuração de resultados.

A empresa já mostrou que é sólida, está inserida em um setor com demanda crescente, é líder no seu setor de atuação e corre pouco risco de perda de geração de receita, uma vez que seu quadro de colaboradores conta com mais de 25 mil cirurgiões-dentistas espalhados pelas diversas regiões do país e com capacidade de aumentar seu quadro de colaboradores.

Como estou escrevendo para um blog em que a grande maioria do público leitor é formado por dentistas, achei interessante aprofundar um pouco a questão dos ‘’colaboradores’’. Utilizando o termo politicamente correto entre os capitalistas, acho muito útil escrever o termo ‘’colaboradores’’ para descrever vocês dentistas frente à OdontoPrev. Para as pessoas com ideais mais sociais, vocês dentistas seriam uma ‘’massa trabalhadora explorada’’ pelo capital. Pode parecer cruel, mas se você, como trabalhador de uma empresa, achar que está ganhando um salário ou repasse superior ao que está gerando de receita para a empresa tome cuidado! Você será mais cedo ou mais tarde eliminado do quadro de colaboradores. Isto porque, como já disse, as empresas existem para gerar lucro. Você, como dentista, pode ter uma boa renda sendo credenciado a OdontoPrev, só não esqueça que uma parte do seu trabalho, do seu conhecimento, dos seus materiais odontológicos e até do desgaste do seu consultório é transferido à empresa, uma vez que o que é repassado ao trabalhador não corresponde a 100% do preço cobrado do conveniado.

Pois bem, mesmo que o dentista ganhe R$ 50 mil por mês como credenciado da OdontoPrev é vital que se compreenda que ele está gerando uma receita maior que esta para a empresa. E isso não tem nada de revoltante, é o modo que o sistema capitalista funciona, é o modo em que as empresas auferem lucro.

O que é motivo de revoltas, greves e paralizações dos trabalhadores são quando estes se sentem explorados pela empresa. Ora, isto ocorre sempre, é a essência do sistema, como descrito acima. Então os dentistas não tem motivo para protestar, reivindicar por melhores repasses e paralisar os atendimentos? Pelo contrário, estes profissionais tem todo o direito! Afinal, como dito, o dentista trabalha, coloca seu conhecimento em prática, gasta com materiais para efetuar o procedimento e desgasta seu equipamento do consultório, além de gasto com luz, aluguel, condomínio, salário de secretária, etc, para poder atender o conveniado da Odontoprev. E o dentista deve pensar exatamente como uma empresa: ter lucro com cada procedimento que fizer, seja ele particular ou no convênio.

Se a tabela de repasse da empresa não cobrir os custos que o dentista tem em cada procedimento e, além disso, não remunerar de forma eficiente o trabalho deste profissional a relação entre os dois não será duradoura. Ou o dentista ameaça se descredenciar da OdontoPrev e esta sinaliza um aumento de repasse ou a empresa busca outro dentista que aceite o repasse praticado. Enquanto a empresa conseguir manter seus conveniados sendo atendidos por um quadro de colaboradores com custo baixo, sem vínculo e facilmente substituível o lucro irá aparecer e os investidores se interessarão em tornarem-se sócios dela. Então, caro dentista, sua relação com a OdontoPrev também deve ser sob a ótica capitalista: aja como uma empresa, ou seja, vise o lucro sempre. E não esqueça de que pra ter funcionários satisfeitos é preciso remunerar bem o principal funcionário de sua empresa: VOCÊ!

* Importante: As informações contidas nesta mensagem e em seus anexos são de responsabilidade de seu autor, não representando necessariamente idéias, opiniões, pensamentos ou qualquer forma de posicionamento por parte da XP Investimentos Corretora. O investimento em ações é um investimento de risco e rentabilidade passada não é garantia de rentabilidade futura.

E então pessoal??? Acho que vale muito a reflexão. Como eu disse no Fórum no CIOSP, não adianta eu voltar para o convênio tendo a minha tabela aumentada. Ainda vou continuar sendo o burro de carga. Minha tabela teria que valer o triplo pra ter um valor justo.

Eles me propuseram o “dobro” do meu valor de US. Não bem o dobro, ele era 0,27 e passaria a valer 0,40. Nesse quesito, agradeço a atenção do consultor do Rio Grande do Sul, que assim que viu meu post “Repúdio à OdontoPrev!” foi pessoalmente ao meu consultório resolver a questão dos meus pagamentos glosados.

O aumento da minha tabela resolveria parcialmente meus problemas, mas ainda existiria aquele paciente que depois do tratamento some sem me trazer o panorâmico final dos sisos. Enquanto nós como Classe Odontológica não estivermos unidos nesta causa “anti-convênio” continuaremos sendo apenas os escravos do lucro dos empresários.

E agora, quem tá comigo?

Leia também: Odontologia x Planos de Saúde: Por que as reivindicações não são atendidas no Odonto Branding

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