O Hospital Regional de Ceilândia (HRC) alcançou, e mantém há 13 meses, índice zero de pneumonia associada à ventilação mecânica em pessoas internadas na UTI Adulto. O número é resultado do trabalho, iniciado há aproximadamente seis anos, de integração de cirurgiões-dentistas para cuidar dos pacientes em estado crítico, modelo que começou a ser estendido neste mês para as demais unidades da Secretaria de Saúde que contam com UTI.

“A atuação começou quando identificamos um quadro infeccioso de difícil tratamento, mesmo com a aplicação de diversos recursos terapêuticos. Apenas com a avaliação odontológica foram diagnosticados problemas em sua saúde bucal, que foram tratados para que o paciente recebesse alta”, contou o dentista Marcos Barbosa Pains, o primeiro profissional da área a atuar no serviço rotineiro.

Desde então, o dentista conta que conseguiu reduzir sensivelmente os casos de pneumonia relacionados à ventilação mecânica. “Os pacientes que estão na UTI com insuficiência respiratória precisam de um aparelho para ajudar na oxigenação. O uso dele aumenta o volume de bactérias que acabam alcançando o pulmão, causando a infecção. Por isso, o principal benefício da presença do dentista na UTI é prevenir essas infecções”, explicou Pains.

Dentista no hospital

13 meses sem qualquer registro

Segundo ele, enquanto no primeiro semestre de 2011, quando inexistia o trabalho, o índice de pneumonia relacionada à ventilação mecânica foi de 8, o número no segundo semestre, quando começou o serviço rotineiro, caiu para 1,33, perfazendo média anual de 4,76. O dado é calculado com base no total de pacientes e período de utilização de ventilação mecânica, sendo que zero significa inexistência da doença.

Nos demais anos os valores foram 3,78 (2012); 1,87 (2013); 4,21 (2014); e 1,82 (2015). No primeiro semestre de 2016, a média alcançou 1,1. Desde julho do mesmo ano não houve mais casos até a última estatística, atualizada até julho de 2017, somando 13 meses sem qualquer registro.

Dentista na UTI: custo ou economia?

De acordo com a Anvisa, 33% dos pacientes de UTI que desenvolvem essa infecção evoluem para óbito. “Cada episódio de pneumonia associada à ventilação, prolonga o tempo de internação em aproximadamente 12 dias, o que aumenta os gastos de recursos públicos e o uso de antibióticos. Cada dia de internação na UTI custa, em média, R$ 4 mil”, completou o profissional, ao lembrar que essas ações aceleram a rotatividade dos leitos, já que o paciente pode receber alta mais rápido.

O dentista faz avaliação diária dos pacientes, remoção de placa bacteriana visível, eliminação de focos infecciosos, extrações e restaurações, diagnósticos de doenças diversas e supervisão do protocolo de higiene bucal executado pela equipe de enfermagem.

Há também outras infecções relacionadas à falta de cuidados bucais que podem ser prevenidas com o trabalho dos dentistas, como os abcessos (pus na cavidade bucal), a endocardite e a periodontite (infecções no coração e na gengiva, respectivamente). O quadro pode piorar caso as bactérias acessem o sistema circulatório, o que pode causar, inclusive, infecção generalizada.

O dentista também contribui no diagnóstico de outras doenças causadas por fungos, vírus ou bactérias, como candidíase e herpes.

A extensão do serviço para outros hospitais, que também atende a resolução RDC 7 da Anvisa, começou com a realização de um curso, neste mês, para capacitar os dentistas para atuarem em UTI. Durante a formação, foram abordados os temas: farmacologia, abordagem multiprofissional na ventilação mecânica, rotina no atendimento odontológico na UTI, doenças infectocontagiosas, saúde bucal na UTI, entre outros.

Todos os hospitais da rede que possuem leitos de UTI contam com atendimento odontológico. São eles: Asa Norte, Base, Materno Infantil, Taguatinga, Santa Maria, Sobradinho, Paranoá, Gama, Samambaia e Ceilândia.

Vote na consulta pública sobre o PL 34/2013

Alguma dúvida de que URGE a presença de cirurgiões-dentistas dentro dos hospitais? O Projeto de Lei da Câmara n° 34, de 2013, de autoria do Deputado Federal Neilton Mulim (PR), quer tornar obrigatória a prestação de assistência odontológica a pacientes em regime de internação hospitalar, aos portadores de doenças crônicas e, ainda, aos atendidos em regime domiciliar na modalidade home care. Clique no link abaixo e vote na consulta pública sobre o assunto no site do Senado Federal.

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Via Portal da Saúde DF

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