Equipe cirúrgica da Santa Casa de Araraquara (SP) e um especialista norte-americano realizaram uma cirurgia inédita de prótese de mandíbula no Brasil. As peças foram desenvolvidas em Dallas, nos EUA. O paciente, de 27 anos, sofre da síndrome de Nager, uma síndrome rara que pode causar má formação óssea e muscular.
As próteses custaram R$ 320 mil e foram pegas pelo SUS. A cirurgia durou cerca de 10 horas. O rapaz está internado na UTI e, segundo a equipe, passa bem.
O paciente Daniel Macedo Buchara Martins, que trabalha como designer gráfico, leva uma vida social e profissional como qualquer outra pessoa, mas, como tem a mandíbula mal formada, sofre para realizar tarefas simples do dia a dia, como mastigar alimentos. “Ele não tem abertura suficiente da boca, com isso engole pedaços maiores”, disse a mãe, Eliana Macedo Buchara. O pai, José Reinado Buchara Martins, contou que o filho também tem dificuldade durante o sono: “O objetivo é conseguir uma via área adequada para ele poder respirar. Hoje ele tem dificuldade, dorme sentado, não consegue abrir a boca. Com a cirurgia ele também vai ter um ganho estético”, disse o cirurgião-dentista e professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp) João Roberto Gonçalves, cirurgião buco-maxilo-facial.
O especialista de Araraquara passou o caso para o norte-americano Larry Wolford, cirurgião-dentista e especialista em cirurgia buco-maxilo-facial, também pesquisador da Baylor University Medical Center, que desenvolveu as próteses. Para que as peças chegassem ao Brasil, foram meses de trabalho e dedicação de cirurgiões brasileiros e norte-americanos. “Nós começamos em março deste ano. Nos conhecemos na Califórnia e logo passamos a discutir e a planejar este caso”, disse Wolford, responsável por outras três únicas cirurgias desse tipo no mundo.
As despesas com passagens aéreas, equipe médica e hospital foram cobertas com ajuda de inscrições para um curso criado especialmente sobre esse procedimento. “Essa cirurgia teve um caráter educativo, por ser uma síndrome rara, então nós gravamos, vamos editar as imagens e, em alguns dias, exibi-las em um curso em São Paulo para vários cirurgiões do Brasil”, disse o cirurgião-dentista Daniel Serra Cassano, especialista em cirurgia buco-maxilo-facial.
Para Wolford, o paciente terá melhoras significativas. “É um garoto fantástico com boa personalidade. Acredito que logo ele poderá levar uma vida muito mais normal”. O pai do rapaz compartilha da mesma opinião. “Ele é rodeado por pessoas queridas, tem muitos amigos e acredito que isso vai trazer um pouco de autoestima para ele”, disse.
Importante!
O texto que você leu foi retirado do G1 e alterado por mim, pra dar nome aos bois. Em nenhum momento no texto ou no vídeo (que você pode assistir aqui) mencionou-se o termo “dentista”. Falou-se apenas em “médicos” e “cirurgiões”. A cirurgia foi feita por uma equipe na qual havia médicos sim, cada integrante foi peça fundamental no sucesso do procedimento cirúrgico… mas o leigo que leu a reportagem ou assistiu o vídeo não ficou sabendo que foi um dentista que fez a cirurgia e desenvolveu as próteses. O Dr. Wolford (DMD, Dentariae Medicinae Doctor) se formou em Odontologia na Universidade de Pittsburgh.
Por que é que estou fazendo esse disclaimer? Porque enquanto a mídia chamar genericamente de “médico” qualquer tipo de cirurgião, as pessoas continuarão achando que dentista é aquele cara que entende de dente, e só. Vale a lembrança: nossa área de atuação é o sistema estomatognático, que vai muito além dos dentes.
Parabéns ao Dr. Wolford e a toda a equipe. Que o Daniel se recupere e ganhe muito em qualidade de vida. Viva a Odontologia, viva a cirurgia buco-maxilo-facial. <3 <3 <3
Esse tipo de cirurgia não é inédita no Brasil. Dr Éber Stevão realizou em 2004 pela primeira vez no Brasil. Dr. Éber é discípulo do Wolford, autor de importantes artigos científicos realizados no Brasil.
Foi tema do meu TCC, onde fiz uma revisão de 46 artigos sobre o tema.
Dr. Wolford ao lado do Dr. Louis Mercury são os maiores nomes deste segmento.
Parabéns pelas correções feitas no texto do G1, são detalhes importantes para fortalecer nossa classe!! Só uma correção: o Dr. Larry Wolford é DMD (Doctor Medical Degree)
Obrigada, Cristiano. Então… eu achei os dois graus relacionados ao nome dele, DDS e DMD. Pelo que eu pesquisei, na prática é a “mesma coisa”. Parece que inicialmente havia apenas um Dental Degree – DDS . Quando a Faculdade de Odontologia Harvard foi fundada no final de 1800 é que surgiu o DMD, porque lá os graus são tradicionalmente impressos em latim. Assim, o grau DDS foi traduzido para o CDD (Chirurgae Dentium Doctoris). Como ficava ruim de pronunciar, acabaram alterando para “Dentariae Medicinae Doctor”, o DMD. Algumas universidades seguiram a abordagem de Harvard, outras continuaram com o DDS.
Enfim… fui no site da School of Dental Medicine da Universidade de Pittsburgh, onde o Dr. Wolford se graduou, e lá eles chamam de DMD, mesmo. Então, vamos por essa linha. Modifiquei o texto. Abraço!