Vocês devem estar sabendo do caso do médico que postou uma foto no Facebook (já devidamente apagada, mas exaustivamente printada, enquanto no ar) tirando sarro de um paciente que tinha acabado de sair do consultório dele. Um paciente simples, sem estudo. Na imagem completa, onde aparece a ~brincadeira~, seu rosto, o nome do hospital e seu carimbo, ele avisa: “não existe peleumonia e nem raôxis” (sic).

Peleumonia

Peleumonia

O problema é… que existe. Assim como existem pacientes que aparecem com ATM no consultório do dentista. Com bolhas no pé do dente e com a gingiba inframada. Muitos querem saber se precisam arrancar o dente do cisne e se tem problema tomar navagina estando misturada (true story). Sim, já tirei muitos raôxis. O ponto é: os pacientes podem se expressar do jeito que quiserem (e puderem), não há qualquer obrigação deles em saber como falar corretamente essas coisas. Às vezes é engraçado de ouvir? Sem dúvida! Principalmente quando a gente está começando na profissão. Mas nunca se esqueça: seu conhecimento sobre qualquer assunto não o torna melhor do que qualquer outra pessoa, nem lhe dá o direito de ridicularizá-la.

Acho que esse tipo de comportamento é algo inerente à era da Internet… as pessoas acham que podem dizer o que querem sem responder pelo que falam. É como se uma rede social fosse um lugar “blindado”, sem regras… só que não. As regras continuam valendo e sempre tem alguém olhando. E esse “alguém” pode ser qualquer um: dentista, médico, paciente…

Você conhece a Teoria dos 6 Graus de Separação? Segundo essa teoria, bastam 6 laços de amizade para que duas pessoas quaisquer, de qualquer parte do mundo, estejam ligadas. Portanto, se o seu paciente não estiver prestando atenção na sua conduta, o amigo do amigo do amigo do amigo do amigo dele pode estar. Por isso, antes de fazer aquela piadinha de gosto duvidoso, passe a gracinha pelo menos por duas peneiras: a do bom gosto e a da relevância. Mas convenhamos: se o exercício de nossa ética depender de quem estiver olhando, talvez devamos repensá-la, não é mesmo?

Duas coisas não podemos ser: antiéticos e ingênuos. Somos antiéticos quando expomos nosso paciente, e somos ingênuos quando achamos que ninguém vai ver. Entendam: somos observados o tempo todo, e o tempo todo somos dentistas… as pessoas não desassociam nossa imagem da Odontologia só porque estamos na balada ou num almoço de família. Não acho muito justo, mas é o que acontece.

Concluindo, SIM, o médico em questão está errado e já está sendo punido por isso (ele e duas outras funcionárias do hospital foram afastados e vão sofrer processo administrativo, além dele ter que se explicar com o CRM) mas, por favor, cuidado com o linchamento virtual. Podia ser você. NÃO, você não é perfeito… ou só é perfeito até que alguém descubra que você não é. Postura profissional é fundamental, mas de vez em quando todo mundo escorrega.

A Nana falou sobre o assunto em vídeo, e até contou o caso do “módis na perereca”. Assista:

UPDATE: Após ofender paciente na web, médico anuncia trabalho voluntário (Aí sim. Reconheceu o erro, foi lá, pediu desculpas e se colocou à disposição pra ajudar. Acho digno.) 😉

Beijo!

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