Surpresa nenhuma, não é mesmo? Lá em 2017 a gente já falava que o atendimento odontológico em UTIs era capaz de até zerar o número de casos de pneumonia associados à ventilação mecânica.

A equipe multidisciplinar é essencial no atendimento de pacientes com COVID-19, internados na Unidade de Terapia Intensiva. No Hospital Universitário do Oeste do Paraná (Huop), a Odontologia também faz parte dessa equipe multidisciplinar e tem contribuído com resultados positivos: a taxa de mortalidade da unidade é de 39%, menor que a taxa nacional. “Nosso trabalho auxilia muito na redução de complicações, principalmente a redução de pneumonias associadas à ventilação mecânica. Cerca de 95% dos pacientes que passam pelo setor estão nessa condição. Isso resulta diretamente na redução do tempo de internamento e a melhora clínica do paciente”, explica a dentista Camilla Sanches Azevedo.

Desde outubro de 2020 já foram mais de 2 mil atendimentos na unidade COVID-19, “desde protocolos de higiene bucal, extrações, laserterapia, além disso, o auxílio na diminuição de lesões relacionadas à doença e ao tratamento, como exemplo a prona. Nesses casos percebemos uma grande diminuição das lesões de face, ocasionadas pela posição do paciente, e auxiliamos na colocação de placa protetora para que não mordam o tubo e ocorram ainda mais lesões”, ressalta.

A doença é nova, e por isso, as características bucais também chamam a atenção das equipes. “Esses pacientes apresentam mais sangramento, mais descamação, entre outras características que encontramos em comum. O perfil de evolução e o padrão de comportamento da boca é completamente diferente de um paciente internado em uma UTI convencional. Nesse tempo já classificamos o padrão dos pacientes, in loco já sabemos quando a boca é característica de um paciente com a doença”, complementa a dentista Marli Maria Schmitt Walker.

A equipe ainda ressalta a importância de realizar as visitas diárias e de avaliar desde casos simples, como os lábios desidratados do paciente. “Um simples lábio desidratado pode evoluir para uma fissura e é uma oportunidade para um microrganismo se instalar e se tornar assim um foco de infecção. As necroses, causadas pelas lesões, também são característica bucal nessa unidade, que tomamos muito cuidado para descontaminar, tratar, e assim prevenir outras infecções”, diz a dentista Carolina Schmitt Walker.

A avaliação in loco do paciente com COVID identifica diversos padrões diferentes de pacientes internados em uma UTI convencional, e por isso, as condutas dos pacientes são discutidas com toda a equipe, e integram também profissionais de saúde de toda equipe multidisciplinar. “Otimizamos o tempo com a avaliação separada, mas as condutas sempre discutidas juntas, tendo em vista que a lesão bucal interfere diretamente na melhora clínica do paciente, e por isso, precisamos discutir também com profissionais de outras áreas. Além disso, é uma doença nova e por isso, precisamos sempre estar discutindo e aprendendo mais”, enfatiza.

A equipe é composta por três dentistas, com especialização em Odontologia Hospitalar pelo Hospital Israelita Albert Einstein.

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