Você usa protetor auricular durante o atendimento de seus pacientes?
Sabemos que a grande maioria dos dentistas não faz o uso do protetor auricular na sua rotina de trabalho, mas será que não está na hora de repensarmos isso?
Outro dia em um grupo de dentistas no WhatsApp vários colegas de queixaram que sentem diminuição na audição e muitos relacionam isso a nossa profissão ou por terem se submetido por longo período de tempo à exposição a ruídos elevados, tipo tocar em banda de rock.
Como já dito em um post aqui no nosso blog ao longo do exercício da nossa profissão podemos sofrer vários riscos ocupacionais severos. Um deles é a diminuição da audição, devido aos vários tipos de ruídos que estão presentes no dia a dia do nosso consultório, tais como turbinas de alta e baixa rotação, compressor de ar, sugadores de saliva, bomba a vácuo, além de outros fatores externos. Os principais efeitos do ruído ocupacional na rotina do cirurgião dentista são: diminuição da capacidade auditiva, estresse, estafa, irritabilidade, nervosismo, cefaleia, tontura, problemas digestivos, queda na produtividade, alterações na pressão arterial e aumento no risco de acidentes.
Veja o que dizem trabalhos de vários pesquisadores
Realizou-se uma avaliação em clínica de pós-graduação em Endodontia em que se posicionou um medidor chamado de áudio-dosímetro na cintura do dentista e um microfone na altura da gola, a cerca de 15 cm do ouvido. Foi obtido durante uma hora e oito minutos de medição o histórico dos níveis de pressão sonora em intervalos de 5 segundos, o que permitiu uma análise confiável dos ruídos envolvidos com a atividade. Verificou-se que em algumas operações com alta rotação, o nível de pressão sonora chegava a 94,9 dB(A), embora na média, durante todo o tempo de medição o nível tenha ficado em 76 dB(A). Com o auxílio de um outro equipamento chamado analisador de frequência de ruído rastrearam-se as diferentes fontes envolvidas no histórico de medição. A tabela abaixo mostra os valores encontrados.
Fonte de Ruído Atividade NPS em dB(A)
A Perda Auditiva Induzida por Ruído (PAIR) pode ser conceituada como uma diminuição gradual da acuidade auditiva do tipo neurossensorial decorrente da exposição contínua a níveis elevados de ruído, constituindo-se em doença profissional de grande prevalência no meio odontológico. O indivíduo acometido pela PAIR é capaz de ouvir, porém incapaz de compreender o que está sendo dito. Na Odontologia, o ruído pode provocar ainda uma queda de 60% na produtividade por dificultar a concentração, propiciando erros, desperdícios e acidentes por distração. É importante ressaltar que tal distúrbio é irreversível e de evolução progressiva, passível totalmente de prevenção, de modo que cessada a causa ou minimizada para níveis não-lesivos, a perda se estabilizará.
A PAIR não é corrigida nem cirurgicamente, e muito menos com o uso de aparatos auditivos. Sabe-se que a exposição frequente a elevados níveis de ruídos provenientes do ambiente profissional é um potencial fator de risco para que o cirurgião-dentista seja acometido pela PAIR. Segundo dados do Ministério da Saúde, além dos sintomas auditivos frequentes, o trabalhador portador de PAIR também apresenta queixas como cefaleia, tontura, irritabilidade e problemas digestivos.
10 Profissões mais afetadas pela PAIR (perda auditiva induzida pelo ruído)
As possíveis marcas dos anos de trabalho são cumulativas e só serão observadas ao final da carreira, quando nada mais ou muito pouco pode ser feito (TORRES et al., 2007).
A cronicidade dos efeitos e as dificuldades de estabelecer correlações diretas com doenças que comprometem o aparelho auditivo fazem do ruído um agente reconhecível, mas com repercussões pouco “visíveis”, sendo necessário chamar a atenção para o real problema que afeta os trabalhadores de saúde bucal (SOUZA, MATOS e NUNES, 2002).
Lelo et al. (2009) avaliaram os limiares auditivos por meio da audiometria tonal limiar (ATL), em 30 cirurgiões-dentistas que atuam ha mais de três anos na profissão, com idade máxima de 45 anos. Todos os participantes passaram pelos seguintes procedimentos: anamnese, meatoscopia, ATL, logoaudiometria e imitanciometria. Os resultados mostraram que 27% dos cirurgiões-dentistas apresentaram queixa de zumbido, 30% de insônia e 37% dor de cabeça. Segundo os autores, tais achados justificam a necessidade da realização de exames audiométricos periódicos para evitar lesões auditivas ao longo de sua carreira e o uso de protetores auriculares para a manutenção da saúde auditiva e a diminuição dos sintomas associados, mesmo esse não sendo um EPI obrigatório. Os EPIs obrigatórios são: gorro, máscara, óculos de proteção, avental, luvas e sapatos.
Os ruídos ambientais provenientes de equipamentos usados durante o tratamento odontológico são extremamente prejudiciais à saúde do cirurgião-dentista e, além de promoverem a diminuição da capacidade auditiva, levam os profissionais ao estresse, estafa, irritabilidade, nervosismo, queda na produtividade e alterações na pressão arterial. A continuidade do ruído tem efeitos adversos no raciocínio, na habilidade e na exatidão de resolução de problemas (SAQUY, et al. 1990; SMITH, 1997; DIAS, CORDEIRO e GONÇALVES, 2006; OLIVEIRA, CAMPOS e GARCIA, 2007).
Além do protetor auricular para a diminuição dos ruídos também é importante que se faça constantemente manutenção nos equipamentos e periféricos que usamos no nosso consultório, como manutenção do compressor, correta lubrificação das nossas canetas de alta e baixa rotação e das peças de mão.
E então, após ler tudo isso, vamos começar a pensar no uso diário do protetor auricular no nosso dia a dia no consultório? Existem vários modelos de protetor auricular no mercado, escolha o que mais se adapte a você e comece o uso hoje mesmo!!!
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