O oncologista Wouter Vogel e o cirurgião Matthijs Valstar, ambos da Holanda, descobriram, sem querer, duas novas glândulas salivares.

“Até onde sabíamos, as únicas glândulas salivares da nasofaringe eram microscópicas”, afirmou Vogel. Ele explicou que até mil dessas pequeninas glândulas podem estar espalhadas pela mucosa. “Então, imagine nossa surpresa quando encontramos as duas glândulas macroscópicas…”

A dupla de pesquisadores, que trabalha no Instituto do Câncer da Holanda, uniu-se a cientistas da Centro Médico Universitário de Utrecht para analisar os órgãos, encontrados na parte posterior da nasofaringe. Os estudos da equipe foram compartilhados no periódico científico Radiotherapy & Oncology (The tubarial salivary glands: A potential new organ at risk for radiotherapy)

Os pesquisadores analisaram 100 pessoas que haviam realizado exames de imagem por terem sido diagnosticadas com câncer de próstata em busca das glândulas recém-descobertas… e as encontraram. “Nós as chamamos de glândulas tubárias, em referência a sua localização anatômica”, contou Vogel.

Os cientistas, então, decidiram investigar se a radiação usada em tratamentos contra o câncer poderia causar complicações ao atingir essas glândulas. Para isso, se uniram aos colegas do Centro Médico Universitário de Groningen e analisaram os dados de 723 pacientes submetidos a tratamentos de radioterapia. De acordo com a análise, quanto maior a dose de radiação recebida por essas glândulas, maiores complicações os pacientes experimentaram após o tratamento, principalmente xerostomia e disfagia. Os pesquisadores esperam que seus estudos ajudem a melhorar o tratamento do câncer, aumentando a qualidade de vida dos pacientes.

“O próximo passo é descobrir como podemos poupar essas glândulas da radiação, e em quais pacientes isso é possível”, apontou Vogel. “Se pudermos fazer isso, os pacientes sofrerão menos com os efeitos colaterais do tratamento, o que beneficiará sua qualidade de vida”, disse.

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