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Sabe-se que o Brasil é um país onde, infelizmente, a Odontologia não é para todos!
Saímos da faculdade com uma idéia errada daquilo que aprendemos na graduação: resinas modernas, camaleão, materiais de moldagem perfeitos, laser, enfim.
Mas a realidade é: quem pagará os custos de tudo isso, ainda mais pra um recém formado?

Sou da seguinte opinião: todo estudante de Odontologia deveria fazer um estágio no SUS! É lá, na DIFICULDADE, que você aprende a “SE VIRAR NOS 30!”.
TRA (Técnica de Restauração Atraumática) é um procedimento clínico, de campo, que visa a remoção de tecido cariado através de instrumentos manuais e posterior selamento da cavidade com cimento de ionômero de vidro.
Muito difundida em comunidades de baixa renda, tem uma importância imensurável na Odontologia atual como forma de diagnóstico, cura e prevenção de lesões cariosas em crianças, principalmente.
Nessa técnica, proposta por Frencken (1994), a remoção do tecido cariado é superficial e o selamento com ionômero de vidro – com funções de liberaçao de flúor e coeficiente de expansão térmica linear semelhante a da estrutura dentária, material biocompatível com o complexo dentinopulpar.
Por se tratar de uma técnica onde não se usa intrumentos rotatórios, fora de consultório (tratamento de campo), vem sendo difundida na Odontopediatria e Odontogeriatria, bem como no acompanhamento de pacientes portadores de necessidades especiais, em caso de visitas domiciliares realizadas pelos profissionais do PSF.
A técnica é simples, não necessita de anestesia e é eficaz, sendo amplamente difundida no Sistema Único de Saúde, associada a Educação em Saúde em crianças, principalmente
Suas indicações são para os casos onde deseja-se preservar, maior quantidade de tecido dentário.

Como é feito?

  • Preparar o local com 2 mesas escolares para que o paciente deite, ou 2 bancos, onde o paciente possa deitar sobre o colo do operador.
  • Orientação de higiene oral ao paciente, com evidenciação de placa, seguida de técnica de escovação.
  • Remoção do tecido cariado com cureta (colher) de dentina, deixando a camada mais profunda da lesão presente.
  • Condicionamento da superfície com ácido poliacrílico (o líquido misturado ao pó do cimento) por um período de 15 segundos.
  • Lavagem bom bolinha de algodão embebida em água e secagem com bolinha de algodão.
  • Isolamento relativo do campo operatório com rolete de algodão
  • Manipulação do Ionômero – Cimento restaurador, respeitando as proporções pó/líquido, aplicados com espátulas de inserção ou aplicadores de hidróxido de cálcio (que a meu ver facilitam o escoamento do material e diminuem a formação de bolhas)
  • Aguardar tempo de presa – o material perde o brilho.
  • Selar com “esmalte incolor” para unhas.

O desenvolvimento de Programas de Educação em Saúde nas Universidades tem ajudado a divulgação da técnica e propicia ao estudante/profissional o espírito de solidariedade, provando que é possível intervir na doença sem os “luxos” de um consultório. Além de tudo, permite que o profissional atue, diretamente em, SAÚDE, mesmo em condições adversas.


#goDIVAS

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