Parecia ser um dia comum.
Você acorda, dá um beijo de bom dia na esposa/marido, toma um banho e o café da manhã. Prepara-se para ir ao trabalho, verifica se há boletos para pagar, deixa uma lista de afazeres para a empregada, lembra os filhos de olharem para os lados ao atravessar a rua e dá-lhes um beijo na testa, desejando que tenham um bom dia na escola.
E você, vestido de branco, vai para o seu consultório, montado com muito esforço, atender a sua clientela, também adquirida à duras penas. Você se dedicou na faculdade, nas pós graduações da vida, frequentou congressos e colhe frutos por isso.
Você é um Dentista, talvez não tão satisfeito com a sua profissão, por inúmeras razões: os honorários pagos pelos convênios, os pacientes que não pagam, os problemas técnicos, aquele protético que sempre atrasa os trabalhos, enfim. Mas, no fim do dia, você é feliz por fazer aquilo que gosta e escolheu: tirar a dor e estar presente nos sorrisos.
Eis que, nesse dia que parecia normal, pessoas mal intencionadas, criminosas, vão até o seu local de trabalho, sagrado local de trabalho, e por inveja, ganância, vingança, raiva, ódio e qualquer outro sentimento ruim que um ser humano possa cultivar, e te agridem, seja verbal ou fisicamente. Ateiam fogo num ser humano, vivo, sem piedade, por dinheiro. Matam por matar. E deixam mães, esposas e filhos sem seus filhos, maridos e pais.
A Odontologia está de luto, mais uma vez. Perdemos mais um colega queimado. Que fosse por qualquer outro motivo, mas perdemos mais uma pessoa de bem.
Não diria que a Classe Odontológica está de luto. Digo que TODOS AS PESSOAS DE BEM estão de luto.
Fica o medo de atender os pacientes num horário mais tarde. Fica o receio de abrir a porta para um paciente que tenha uma queixa de dor e que você nunca viu antes. Fica o medo de conquistar bens com o suor do trabalho, da vizinhança, daquele cara estranho que está parado perto da clínica. Estamos vulneráveis.
Quanto vale uma vida hoje em dia?
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