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Um produto que promete a deposição de cristais semelhantes ao da estrutura dental nos casos de erosão dental. Confesso que, quando vi a propaganda na contracapa de uma revista, fiquei assustada.

Achou esse marketing forte? Então, você faz parte de um grande grupo de colegas que está com a mesma dúvida: Que produto é esse?

Trata-se de um sistema de cuidado bucal, composto de pasta dental e de um sérum aplicável com uma moldeira semelhante à de clareamento dental, para tratamento de estágios iniciais e invisíveis de erosão dental. (Isso mesmo. Estamos falando de ação em estágios detectáveis através de microscopia eletrônica de varredura).

Sabemos que o dente é composto de esmalte, dentina e tecido pulpar. O esmalte é uma estrutura rígida, composta, praticamente, por cristais de hidroxiapatita, que confere proteção à camada coronária da dentina, uma estrutura composta de colágeno, água e cristais minerais.

Durante toda a vida, essas estruturas sofrem com processo de erosão dental causado pela acidez do meio bucal, seja por meio de alimentos ou por problemas como refluxo gastroesofágico e bulimia. O pH ácido é responsável pelo amolecimento do esmalte e, em sequência, pela perda de estrutura dental, seja nas regiões cervicais dos dentes ou na face oclusal, com lesões em forma de taça. Nossa saliva sempre deu conta desse recado – neutralizar os ácidos bucais e atuar no processo de DES/REmineralização do esmalte,  mas agora temos no mercado um produto que “promete” complementar essa ação salivar.

Segundo pesquisas, o Regenerate atua nos estágios iniciais desse amolecimento dental, por meio da deposição de cristais que seriam incorporados pela estrutura, conferindo uma reestruturação do esmalte e uma melhora de até 82% na dureza do tecido.

Como é um produto para estágios iniciais de comprometimento dental causado pela erosão, não se pode dizer que ele fará uma “reposição de dente ou partes de dente”, quando já se tem uma perda de volume diagnosticada clinicamente. Portanto, a maior preocupação do dentista deve ser a orientação correta do paciente para que ele não pense que o produto fará milagre.

O que se espera é uma “blindagem” do esmalte. Durante os períodos de baixo pH essa camada de Regenerate é que sofreria os efeitos dos ácidos e não o dente em si. O produto deve se comportar de forma semelhante ao esmalte e, por isso, sua indicação é de uso contínuo para que essa proteção esteja sempre presente no meio bucal.

É um produto profilático e não curtativo. Quando há perda de volume dental (lesões visíveis clinicamente) é necessária intervenção profissional, de restaurações das superfícies acometidas. O Regenerate não reforça materiais dentários restauradores e não interfere na adesividade das resinas nem nos cimentos dos materiais protéticos. Também não há evidencias de escurecimento ou qualquer outro tipo de alteração de cor na estrutura dental.

Ainda não há estudos sobre a utilização de Regenerate para casos de hipersensibilidade dentinária nem para reversão de estágios iniciais de cárie dental caracterizados pelas manchas brancas.

Acredito que o maior desafio da empresa seja o pouco tempo de estudos e de aplicação clínica do produto. Ele foi lançado no Reino Unido e em outros países da Europa e, recentemente, no Brasil, o maior mercado consumidor de produtos de higiene oral da América do Sul. Não foi lançado nos EUA e ainda não tem liberação da FDA.

É um produto de custo elevado, o que já o torna inacessível para grande parte da população. E, para os que têm condições de adquirí-lo, fica a dúvida da ação real do produto para curar um problema que não é visto clinicamente. Por isso, mais uma vez, é de responsabilidade do cirurgião dentista orientar corretamente o paciente quanto à eficácia e indicação do produto.

Por ser inovador e com uma proposta forte, ainda causará muita polêmica no meio Odontológico.

E você? O que acha dessa tecnologia?

 

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