Diva no SUS #2: Atendendo pacientes hipertensos

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Ao longo dos anos em que trabalho na Estratégia da Saúde da Família precisei buscar informações e adequar o meu processo de trabalho para trabalhar em equipe. Na faculdade aprendemos a lidar com a boca do paciente, com os problemas bucais, e as outras patologias sistêmicas passam despercebidas/batidas. Ou alguém aqui fazia o HGT (hemo glico teste) antes de atender um paciente diabético na faculdade? Ou ainda, verificavam sempre a pressão arterial antes dos atendimentos ou realizava algum procedimento odontológico em um paciente hipertenso sem o consentimento de um médico?

Como eu disse, precisei buscar informações, estudar muito. Aí eu percebi o quanto nos formamos crus. Podemos saber qual é a melhor resina para uma restauração ou o melhor tipo de gesso pra aquela moldagem, mas sabemos o melhor horário para atender os pacientes hipertensos ou diabéticos?

No meu caso, comecei conversando com a médica e enfermeira que trabalhavam comigo na ocasião. Mas tinha limitações quanto a nossa parte técnica, então descobri um curso EaD sobre Odontologia em PSF. Lá eu encontrei todas as respostas que precisava.

Um indivíduo é considerado hipertenso quando a pressão arterial é maior ou igual a 140/90 mm/Hg, e recomenda-se atender a estes pacientes no período da tarde. O aumento da pressão arterial é maior nas primeiras horas da manhã, e a tarde as oscilações de seus valores tendem a ser menores.

Não há manifestações orais claramente reconhecíveis associadas à hipertensão, mas muitos medicamentos anti-hipertensivos podem causar reações adversas que podem servir de pistas para o dentista reconhecer o quadro apresentado pelo paciente. Xerostomia, crescimento gengival excessivo, eritema multiforme, parestesias e alterações no paladar encontram-se entre elas.

Muitos pacientes hipertensos fazem uso de AAS e o dentista deve inverstigar essa possibilidade antes do atendimento odontológico, principalmente quando há possibilidade de sangramento. É muito importante manter contato com o médico do paciente hipertenso nesses casos, e a Estratégia de Saúde da Família possibilita isso logo na porta ao lado.

A realização de procedimentos odontológicos deve ser baseada na medida da PA no momento do atendimento, na classificação da hipertensão pelo médico e tem como parâmetros gerais:

Hipertensão Controlada: procedimentos não cirúrgicos simples executados normalmente, mas considerar uso de sedativos em cirurgias maiores (exos múltiplas, cirurgias periodontais…)

Hipertensão moderada ou grave:  mesmo controladas, interagir sempre com o médico para definir a conduta para cada procedimento e a necessidade individual para o uso de ansiolíticos. Procedimentos de urgência debem ser realizados após uso de medicação ansiolítica e redução de PA. Caso a pressão permaneça inalterada o tratamento deve ser conservador, a base de antibióticos e/ou analgésicos.

Hipertensão não controlada: nenhum procedimento deve ser realizado. Em caso de urgência, apenas tratamento com antibióticos e/ou analgésicos

MUITO IMPORTANTE!! O uso de anestésicos com adrenalina deve ser evitado em pacientes com hipertensão moderada a grave (pois estimula o aumento da PA). No entando, para evitar um sangramento excessivo em caso de uma pequena exo pode-se usar um anestésico com vasoconstritor. Em casos leves de hipertensão, o uso de uma pequena dose de lidocaína + fenilefrina é permitido (já que na maioria dos postos de saúde esse é o único anestésico com vaso existente), mas é mais adequado escolher um anestésico com vasoconstritor sintético.

Essas são algumas das informações que passo aos meus alunos do PET-Saúde. Tenho tudo anotado em macetes em uma gaveta no consultório, afinal, ninguém é obrigado a lembrar de tudo de cada doença crônica. Este post de hoje foi escrito a partir das minhas anotações do curso EaD que fiz no começo do ano passado. Se alguém tiver interesse, o curso é esse aqui.

#goDIVAS! GO!!

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