Agendou 3 sessões, pagou pelo tratamento antecipadamente. Faltou sem justificar e quer o dinheiro de volta.

Lógico que muitos vão pensar: devolva o dinheiro. Foi o que eu fiz. Mas e o tempo que fiquei esperando o paciente e o investimento que fiz em material para atendê-lo, quem arca com isso?

Dinheiro vai, dinheiro vem...

Esse paciente agendou as sessões de clareamento comigo. Geralmente, reservo horários de 1h e meia de duração e, como o tratamento requer uma sequência, já agendo as 3 sessões iniciais para que não haja um intervalo de tempo muito grande entre elas.

Ele pagou à vista, em dinheiro, o tratamento todo. Preenchi a ficha clínica, pedi que ele assinasse no canto inferior da folha, ao lado do n° do CPF e escrevi: “Paciente agendou as sessões para os dias blablabla, pagou o tratamento antes de iniciá-lo, blablabla”.

Primeira sessão: faltou. Na segunda sessão, pedi que a secretária confirmasse o horário. Ela não conseguiu falar com ele e ele não ligou para desmarcar ou para justificar a falta. Terceira sessão e a história se repete: não conseguimos falar com ele e ele não deu retorno. Todas as faltas foram anotadas, de caneta vermelha, na ficha dele.

1 mês passou e a esposa dele compareceu para “resgatar” a quantia (antes desse mês ele não apareceu para requerer o dinheiro). Conversei com ela e expliquei a respeito do custo do material para o procedimento e do valor das faltas sem justificativa. No começo ela não entendeu, mas depois de tudo concordou comigo: 1 hora e meia que poderia ser direcionada ao tratamento de outra pessoa ou um horário livre na minha agenda pra eu (além de desligar o consultório e econimizar uma grana com água e luz) aproveitá-lo com os meus afazeres (e até mesmo meu sono). Ela, prontamente, disse que falaria com o marido para ele voltar na clínica e conversar comigo.

Hoje pela manhã ele voltou e confesso que me senti ofendida. Além de requerer o dinheiro dele, o paciente alegou que eu agendei as consultas por vontade própria. Que ele, desde o princípio, disse que não realizaria o tratamento e que ninguém entrou em contato com ele. Ainda me chamou ” louca”. Pedi, gentilmente, que ele trouxesse o cartão de marcação de consulta pois todas as marcações foram feitas por mim. Ele ficou de voltar no período da tarde para me mostrar… (Me senti mais idiota ainda tentando convencer uma pessoa desonesta da desonestidade dela própria).

Quando volto do almoço, a surpresa: ele procurou um advogado. Mesmo estando errado, ele procurou a “justiça”.

A orientação do meu advogado é: já que é uma quantia pequena, devolva o dinheiro dele. Um juiz pediria pra descontar o valor das consultas e do material investido. Mas isso levaria muito tempo (coisas de Brasil).

Isso acabou com meu dia. Ele assinou a ficha, ele foi esclarecido e, mesmo assim, quem fica com a imagem queimada sou eu (se levarmos em conta os possíveis comentários dele a respeito da clínica para amigos e parentes). Pelo que vejo, por mais que sejamos precavidos e façamos o tratamento com a documentação necessária, nada é capaz de evitar dor de cabeça para o profissional.

Fiz a coisa certa? Se pensar pela quantia, sim. Não me faz falta… Mas e se eu for levar em consideração o respeito ao conhecimento adquirido na Universidade, ao investimento feito durante anos para minha capacitação profissional? Quem saiu perdendo? O que devemos fazer para não ficarmos nas mãos de pessoas como esse rapaz?

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