Apontado como responsável pela morte de cinco mulheres e ainda acusado de causar lesões corporais graves em 29 pacientes de Goiás e do Distrito Federal entre os anos de 2000 e 2002 – todas vítimas de complicações após cirurgias plásticas – o ex-médico Marcelo Caron foi filmado atuando como dentista na Penitenciária Estadual de Alcaçuz, onde cumpre pena desde 2013.

Médico atendendo como dentista?

Médico atendendo como dentista?

Segundo o próprio Caron, o fato aconteceu na semana passada. “Esse atendimento, na verdade, é uma prestação de socorro ao colega apenado, o interno que está preso, que não tem um atendimento devido, devido a falta de atendimento na rede. Foi um trabalho humanitário”, justificou. “As pessoas podem ver que o atendimento ali é um atendimento de socorro, que não é nada dentário, não tem nenhum tratamento de processo odontológico ali, que não é visto nenhum material que é visto na filmagem. O material é a cadeira do dentista, é o lugar que se usa para abrir a boca. O rapaz ali tinha um abscesso na boca. O que a gente tá fazendo ali é um curativo na boca”, acrescentou.

O vídeo foi feito por um agente penitenciário que pediu para não ser identificado. As imagens mostram o ex-médico vestido com roupas brancas, usando luvas e máscara cirúrgica, e utilizando a alta rotação em um preso que está deitado em uma cadeira de dentista em uma sala que funciona como consultório. O detento está algemado. Ao tomar conhecimento, o secretário de Justiça e Cidadania, Cristiano Feitosa, disse que não sabia que o ex-médico estava atendendo no presídio. “Vamos apurar. Quero saber o que está acontecendo”, afirmou. O secretário acrescentou que serão construídos novos postos de atendimento médico e odontológico nos presídios, mas não disse quando.

O Conselho Regional de Odontologia, em nota, afirmou que o exercício ilegal da profissão de cirurgião-dentista é crime e está previsto no artigo 282 do Código Penal Brasileiro, com pena de detenção de seis meses a dois anos. De acordo com o presidente do conselho no estado, Gláucio de Morais e Silva, o falso dentista ainda pode responder por estelionato.

Via G1.

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