Arqueólogos italianos podem ter descoberto as restaurações mais antigas do mundo. A equipe encontrou um par de incisivos centrais no sítio arqueológico de Riparo Fredian, em Toscana, e eles possuem marcas que apontam para uma intervenção odontológica rudimentar.
Stephano Benazzi, líder da equipe de arqueólogos, conta que analisando-se os dentes encontrados pode-se verificar que suas câmaras pulpares foram alargadas circunferencialmente antes da morte do indivíduo (calma gente, não foi disso que ele morreu! 😀 ). A descamação da dentina oclusal na margem das cavidades e estrias nos seus aspectos internos sugere manipulação antrópica. As análises de resíduos revelaram um conglomerado de betume, fibras vegetais e cabelos (!) aderido às paredes internas do “preparo cavitário”.
Cavidades profundas como as encontradas não são algo comum de se ver em dentes pré-históricos. O arqueólogo e sua equipe usaram uma variedade de técnicas microscópicas e encontraram marcas horizontais, que indicam que os buracos foram alargados com pequenas pedras. Claudio Tuniz, da Universidade de Wollongong, na Austrália, explicou que o betume deve ter sido usado como uma espécie de antisséptico, assim como as pessoas da época usavam cera de abelhas para fins medicinais.
Em conclusão, os resultados são consistentes com a manipulação assistida por ferramenta para remover a polpa necrótica ou infectada in vivo e o uso subsequente de um enchimento orgânico composto. Fica confirmada a prática da Odontologia – especificamente, uma intervenção de urgência – entre os caçadores-coletores do Pleistoceno (*) Tardio. Como tal, parece que as percepções fundamentais do conhecimento biomédico e prática estavam em vigor muito antes das mudanças socioeconômicas associadas com a transição para a produção de alimentos no Neolítico.
(*) Pleistoceno é a época do Período Quaternário da Era Cenozoica que está compreendido entre 2,588 milhões e 11,7 mil anos atrás, abrangendo o período recente no mundo de glaciações repetidas. O termo deriva do grego, significando “bastante mais novo”.
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