Sim! As gomas de mascar e a saúde bucal estão relacionadas. Está liberado! Mas… Por que?
Aquele hábito infantil, que alguns pais recriminam tanto e que contam para o Dentista com ar de indignação, pode sim ajudar na manutenção da saúde bucal. Como? Estimulando a produção salivar!
“A saliva é o fluido corporal menos valorizado” (FDI, 1992) e sua importância só é notada quando ela não é produzida adequadamente e as lesões se instalam (exemplo: cáries severas pós radioterapia).
99% do fluido salivar é composto de água. O 1% que resta contém proteínas e outros componentes orgânicos importantes. Ela é responsável pela lubrificação da cavidade oral, digestão, tem ação antimicrobiana, aglutinação bacteriana, formação de película adquirida, paladar, excreção, balanço hídrico, limpeza, ação tamponante e remineralizante. Algumas dessas funções são melhoradas quando há estímulo da produção salivar, seja por meios químicos (gustatórios) ou mecânicos.
Alguns fatores diminuem a produção normal de saliva. Quando há redução da hidratação corporal, temos a sensação de sede e a hiperhidratação aumenta. Quando estamos deitados, produzimos menos saliva e, durante o sono, o fluxo diminui. Algumas doenças, como síndrome de Sjögren e diabetes, interferem na produção, assim como medicamentos (antidepressivos, antihistamínicos e antihipertensivos). Radioterapia atingindo a região das gândulas salivares maiores reduz, significativamente, a produção salivar. Estresse também está relacionado com a baixa salivação.
Quando não há estímulo, produzimos de 0,3-0,4 mL/min. Quando há estímulo gustatório (e é aí que entram as gomas de mascar), uma grande quantidade de saliva é produzida, principalmente nos primeiros minutos da mastigação e isso é atribuído ao estímulo químico causado pelos adoçantes, flavorizantes ou o próprio açúcar das gomas. Após 10 minutos a produção vem do estímulo dos botões gustativos, por conta do atrito com o chiclete. Quando os pais recriminam o hábito nas crianças o motivo é: elas tendem a mascar até que o “gostinho” esteja presente. Com isso, somente há ação dos açúcares (cariogênicos) e o estímulo mecânico de atrito dos botões salivar não acontece!
Além disso, o hábito de mascar chiclete reduz, consideravelmente, a concentração de CSV (Compostos sulfurados voláteis), responsável pelo famoso “bafo de onça” – o mau hálito.
Os efeitos prolongados da produção salivar pelo estímulo causado por gomas de mascar independe da presença/ausência de açúcar fermentável na goma. Porém, o açúcar presente pode ser indesejável quando o objetivo é a diminuição do potencial cariogênico em um determinado paciente.
No mercado, diversas marcas possuem versões sem açúcar, com uma infinidade de sabores!
Não há desculpa pra não usar essas delícias em benefício do sorriso!
(Fonte: Ciosp 2011 – Centanário APCD)
[…] O que é que chiclete tem a ver com saúde bucal? –> OdontoDivas […]
Peço licença para expressar minha opinião. O problema dos chicletes não está somente associado ao açúcar presente, acredito que temos que nos preocupar de uma forma mais ampla… pacientes que possuem muitas restaurações e tem o vício de mascar chicletes, mesmo os sem açúcar, pode ocorrer sobrecarga nestas restaurações pela tração excessiva, e também na ATM, sem falar nos problemas gástricos. Não sendo radical também recomendo aos pacientes diante da impossibilidade de escovar os dentes mascar um chicletinho sem açúcar. Porém o excesso está altamente não recomendado. Acho importante esclarecer essas duas vertentes aos pacientes.
Adoro ver a surpresa do paciente qdo mando mascar goma sem açúcar no caso de comer na rua e não poder escovar os dentes, por exemplo.