(… desabafos …)

Eu duvido muito que algum dos nossos leitores não tenha vivido a seguinte situação: um paciente marcar consulta por SMS, mensagens no Facebook, Orkut ou Twitter!

Até que ponto as pessoas separam (no meu caso), a Dra. Juliana Lemes da Juliana Lemes?

Há um tempo eu tinha um cartão de apresentação onde constava, além do endereço comercial, meu número de celular. Confesso que essa “liberdade” aos pacientes me rendeu algumas dores de cabeça. As pessoas não sabem separar situações de emergência de assuntos diversos. Lembro que uma paciente me ligava pra confirmar horário de consulta, agendar consulta e, inclusive, tirar dúvidas sobre problemas bucais de amigos, familiares e, pasmem, cachorro! Eu comecei a me irritar muito. Deixei de atender as ligações. Depois, atendia e explicava que consultas eram restritas ao consultório e daí,não tive outra alternativa se não trocar meu número pessoal.

Não! Não marco consulta pelo Twitter! Ligue no consultório!

Ultimamente, o mais comum são as mensagens no Facebook de pacientes que tiram dúvidas sobre os procedimentos e que insistem em agendar horários comigo. Quebrei o galho algumas vezes, mas agora acabou. Pensa: você abre seu Facebook e vê 3 mensagens na sua caixa de entrada. As 3 de pacientes falando sobre dor, sobre horário, sobre recesso de fim de ano. Tudo isso, às 23h, horário que eu não estou mais no consultório, que eu estou num barzinho ou deitada na minha cama descansando. Resultado: não há como desligar da Odontologia e da rotina do consultório por conta disso. E o cansaço aumenta. E a irritação se faz presente.

Algumas vezes já reclamei no Twitter sobre o horário de almoço: telefones e interfone que não param de tocar. Eu entendo que atualmente, o horário que sobra pra quem trabalha é o de almoço. Muitas pessoas aproveitam aquele tempinho pra resolver problemas de banco, fazer compra, levar filhos para escola, ir a um salão de beleza, levar o carro no mecânico e, inclusive, marcar consulta. Mas, eu também almoço. Eu também tenho horas em que eu aproveito pra fazer um monte de coisas que não tem a ver com resinas ou dor aguda. E, até mesmo, horas pra não fazer nada. Eu tenho o direito de não fazer nada. De deitar na cadeira do consultório, no sofá da clínica, na grama do clube e até no meu carro pra esvaziar a mente. Por que as pessoas não entendem? Pior, insistem. Antes eu me dava ao trabalho de levantar e ir até a porta explicar ao paciente sobre horário de almoço. Depois coloquei uma placa na porta (mas o interfone continuou tocando) e o telefone nem se fala. Hoje, não abro a porta, não atendo paciente muito menos telefone!

Eu não sou só dentista. Eu, TAMBÉM, sou dentista. Sou uma pessoa que merece algumas horas de descanso. Almoçar com calma, assistir as notícias na TV, ouvir uma música e dormir! Eu preciso estar bem pra cuidar da saúde dos outros! Mal humorada, cansada e com uma seringa carpule na mão, me transformo em uma arma de guerra!

Conselhos que eu dou? Deixe claro os horários de atendimento do seu consultório nos cartões, faixas, banners e site. Se possível, tenha uma secretária eletrônica para os horários que não há funcionários disponíveis para atendimento. Desse modo, o paciente não se sente desassistido. Oriente seus funcionários a respeitarem esse horário (nada de atender telefone, nada de abrir a porta). Esclareça seus pacientes quanto ao horário que você inicia seus trabalhos, seu horário de almoço e, principalmente, o último horário que você tem disponível. E, exceto em casos onde o paciente realmente tenha a necessidade de uma comunicação de urgência com você, não coloque informações pessoais, como número de celular, Twitter, MSN, Facebook e outras redes sociais. Separe o trabalho da sua vida privada.

Eu entendo a urgência das pessoas e agradeço a confiança que tem no meu trabalho. Mas, eu sou dentista 12h/dia. Às 23:00, não me mande mensagens sobre trabalho. (Se for um chopp, até é um caso a pensar…)!

Dentista também tem vida além das brocas!

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