Recebi esse texto de uma aluna do curso de ASB por e-mail e adorei a reflexão.

É perfeito para o fim  do ano, para o fim desse ciclo. E não tem nada a ver com odonto, mas comigo, como mulher. Tenho certeza que muitas outras mulheres dentistas ou não também vão entender o quão perfeito é esse texto nesse fim de ano, e de coração aberto ou talvez magoado estarão dispostas a encerrar todos os ciclos de 2012 que ficarão pra trás, e quem sabe entrar o ano de 2013 pronta para novos ciclos e renovada.

Ame-se, em primeiro lugar.

A dor que é quando perdemos algo a que estávamos acostumados no dia-a-dia é algo insuportável. Pode ser um emprego, pode ser um amor, pode ser uma amiga por uma besteira mal compreendida… pode ser tudo isso junto. Mas com o tempo começa a doer cada vez menos. Nós mulheres temos um poder de cicatrização que muitas vezes nem nós conhecemos. O que doeu ontem e dói hoje vai doer menos daqui 2 meses, e quem sabe daqui um ano seja apenas uma lembrança gostosa, algo distante, que já não dói mais, algo que nem parece que foi nosso. O responsável por isso? TEMPO, o senhor do destino. Sempre o tempo. Nos faz evoluir quando queremos.

Escrevo isso pois ando um pouco sumida do blog, sei que vocês tem saudade (aham!) e peço perdão pela minha ausência ou pela ausência das minhas palavras. O ano de 2012 foi um ano difícil, mas se me perguntarem se valeu a pena eu direi que valeu cada minuto

#goDIVAS! GO!

Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final. Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver. Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos – não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos da vida que já se acabaram.

Foi despedido do trabalho? Terminou uma relação?
Deixou a casa dos pais? Partiu para viver em outro país?
A amizade tão longamente cultivada desapareceu sem explicações?

Você pode passar muito tempo se perguntando por que isso aconteceu. Pode dizer para si mesmo que não dará mais um passo enquanto não entender as razões que levaram certas coisas, que eram tão importantes e sólidas em sua vida, serem subitamente transformadas em pó. Mas tal atitude será um desgaste imenso para todos: seus pais, seu marido ou sua esposa, seus amigos, seus filhos, sua irmã, todos estarão encerrando capítulos, virando a folha, seguindo adiante, e todos sofrerão ao ver que você está parado.

Ninguém pode estar ao mesmo tempo no presente e no passado, nem mesmo quando tentamos entender as coisas que acontecem conosco. O que passou não voltará: não podemos ser eternamente meninos, adolescentes tardios, filhos que se sentem culpados ou rancorosos com os pais, amantes que revivem noite e dia uma ligação com quem já foi embora e não tem a menor intenção de voltar.

As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente possam ir embora. Por isso é tão importante (por mais doloroso que seja!) destruir recordações, mudar de casa, dar muitas coisas para orfanatos, vender ou doar os livros que tem. Tudo neste mundo visível é uma manifestação do mundo invisível, do que está acontecendo em nosso coração – e o desfazer-se de certas lembranças significa também abrir espaço para que outras tomem o seu lugar.

Deixar ir embora. Soltar. Desprender-se.
Ninguém está jogando nesta vida com cartas marcadas, portanto às vezes ganhamos, e às vezes perdemos. Não espere que devolvam algo, não espere que reconheçam seu esforço, que descubram seu gênio, que entendam seu amor. Pare de ligar sua televisão emocional e assistir sempre ao mesmo programa, que mostra como você sofreu com determinada perda: isso o estará apenas envenenando, e nada mais.

Não há nada mais perigoso que rompimentos amorosos que não são aceitos, promessas de emprego que não têm data marcada para começar, decisões que sempre são adiadas em nome do “momento ideal”. Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo: diga a si mesmo que o que passou, jamais voltará.

Lembre-se de que houve uma época em que podia viver sem aquilo, sem aquela pessoa – nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade. Pode parecer óbvio, pode mesmo ser difícil, mas é muito importante. Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida. Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira. Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é.

Fernando Pessoa; e eu de coração (Orientina, minha aluna)

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