Todos sabemos que assim como qualquer remédio, os antibióticos só devem ser prescritos quando há uma clara indicação. Para prescrever um antibiótico é preciso conhecer o espectro de ação antimicrobiano, o mecanismo de ação, o seu perfil de efeitos adversos, as suas contraindicações e o perfil de resistência microbiana.
Se forem tomados todos os cuidados, os antibióticos trarão muito mais benefícios que malefícios aos pacientes.
Nos casos das grávidas, precisamos saber também quais são os antibióticos seguros para o feto. Existem antibióticos que podem ser utilizados com segurança durante a gravidez, como também existem aqueles que fazem mal para o feto.
Se seguidas todas as orientações, não é preciso ter medo de tomar antibióticos durante a gravidez. Muitos dos antibióticos permitidos na gestação já são usados há décadas, sem que tenham sido identificados graves problemas de malformação.
O certo é fazer o pré-natal corretamente e usar só o que foi indicado pelo médico ou dentista.
Quais antibióticos aumentam risco de teratogenicidade?
Em um novo estudo, publicado na Pharmacoepidemiology, pesquisadores analisaram a relação entre o uso de antibióticos e risco de teratogenicidade no primeiro trimestre de gestação.
Para isso, os autores examinaram uma coorte de gestação de Quebec, no Canadá (1998-2008), com um total de 139.938 lactentes. A exposição a antibióticos foi avaliada no primeiro trimestre e as anomalias congênitas foram identificados no primeiro ano de vida.
Após o ajuste para possíveis fatores de confusão, a exposição à clindamicina foi associada a um risco aumentado de malformação congênita (OR: 1,34, IC de 95%: 1,02-1,77, 60 casos), malformações do sistema musculoesquelético (OR: 1,67, IC de 95%: 1,12-2,48, 29 casos) e defeito do septo ventricular/atrial (OR: 1,81, IC de 95%: 1,04-3,16, 13 casos).
A exposição à doxiciclina aumentou o risco de malformação do sistema circulatório (OR: 2,38, IC de 95%: 1,21-4,67, 9 casos), cardíaco (OR: 2,46, IC de 95%: 1,21-4,99, 8 casos expostos) e defeito do septo ventricular/atrial (OR: 3,19, IC de 95%: 1,57-6,48, 8 casos).
Foram observadas associações adicionais com quinolona (1 anomalia), moxifloxacina (1 anomalia), ofloxacina (1 anomalia), macrólido (1 anomalia), eritromicina (1 anomalia) e fenoximetilpenicilina (1 anomalia). Não foi observada ligação com amoxicilina, cefalosporinas e nitrofurantoína. Resultados semelhantes foram encontrados quando as penicilinas foram usadas como grupo de comparação.
Pelos resultados, os pesquisadores concluíram que o uso de clindamicina, doxiciclina, quinolonas, macrólidos ou fenoximetilpenicilina no primeiro trimestre de gestação está associado à malformações específicas de órgãos.
Portanto as evidências indicam que amoxicilina, cefalosporinas e nitrofurantoína são seguros.
Referências: Use of antibiotics during pregnancy and the risk of major congenital malformations: A population based cohort study e PebMed
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