Finalmente criei coragem para  voltar a escrever essa séria. Estavam com saudades?

Pois é gente, como todos sabem eu fui demitida da ESF em que trabalhei por quase 3 anos e meio. AMAVA minha rotina de trabalho na saúde pública, mesmo com todas as dificuldades burocráticas.

Com o meu (des)orientador Elson Farias, no dia da minha formatura da especialização em Saúde Pública

Há quase 3 meses fora do SUS pude avaliar  um pouco do meu trabalho realizado dentro dele. Alguns pacientes da ESF Lava pés me procuraram no consultório para terminar os atendimentos começados, o que me deixou muito feliz. Ganhei a confiança desses pacientes, e hoje atendo no consultório com valores diferenciados. Mas fico pensando naqueles que gostariam de continuar o tratamento mas não podem pagar o valor mesmo diferenciado que cobro no consultório. Afinal, agora eu preciso ganhar, já que não tenho mais um salário. Como estão esses pacientes?

Como já expliquei aqui, o tema da minha monografia foi criar um Protocolo de Atendimento a gestantes e crianças. Desde que comecei a trabalhar com as gestantes e as crianças na ESF tive resultados notáveis na saúde bucal dessa população. A promoção de saúde favorecendo a educação em saúde é algo que precisa ser insistentemente trabalhada por nós dentistas, seja no público ou no privado. Mas muitos tem preguiça, isso mesmo, PREGUIÇA de desenvolver esse tipo de ação.

Então, como estarão minhas crianças hoje? Espero que a dentista que assumiu meu lugar os trate tão bem quanto eu tratava, no MEU consultório rosa que lá ficou. Sim, coloquei em maiúsculo porque fui eu quem pagou pra deixar o consultório um ambiente agradável a todos. E como ficará a minha pesquisa que eu desenvolvia pelo PET-Saúde, agora na reta final do programa? fui desligada da ESF e de todas as ações que eu desenvolvia lá.

Mas, como não é só sobre saudosismo esse post, vou falar sobre o que realmente importa. Como eu estou dando seguimento ao meu trabalho como cirurgiã dentista sanitarista.

Sou multiplicadora em saúde bucal na Pastoral da Criança da região norte do Rio Grande do Sul desde 2009, mas andava meio sumida. É incrível o carinho e respeito que recebo de todos dentro da Pastoral, e é muito lindo o trabalho que eles desenvolvem. É onde vemos que não apenas os dentistas são capazes de levar informação sobre saúde bucal à população, e que todos são capazes de aprender.

Fraternidade e Saúde Pública: "Que a saúde se difunda sobre a terra"

Este ano, o tema da Campanha da fraternidade é Fraternidade e Saúde Pública, bem pertinente a ser trabalhado. Voltei a integrar a Pastoral e me coloquei a disposição no que for preciso.

Outra coisa boa que me aconteceu é agora ser “profe” no curso de ASB, TSB e TPD na Iodontus aqui de Passo Fundo. Minha disciplina principal é Estrutura e Organização dos Serviços de Saúde, e é onde passo todas as informações sobre os antigos e atual sistema de saúde no Brasil. Estou afiada 😉 E muito feliz!

Eu estava um pouco deprimida sobre o que fazer depois que saí do SUS. Pensei que não tinha valido nada eu estudar, me especializar, se no fim das contas o meu nível de interesse em Saúde Pública não ser levado em conta na hora na hora de decidir “quem manter, quem se desfazer”. Como eu não era protegida por concurso público tive que me contentar com a demissão.

No consultório, as especializações não me fazem diferença. Me considero quase odontopediatra pela minha área de interesse em pesquisa dentro da saúde pública, mas na verdade sou apenas sanitarista, odontopediatra por dom. O que quero que entendam através do meu exemplo é que tudo sempre vale a pena. E que se as coisas não acontecem do jeito que a gente imagina ou quer que elas aconteçam, é porque tem algo maior reservado pra nós.

Sendo assim, agora sou a OdontoDiva que ERA do SUS, pelo menos por enquanto. Mas eu vou sempre ser a OdontoDiva Sanitarista. Com muito orgulho! 😉

#goDIVAS! GO!

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