Eis que, conversando com colegas num dos corredores do Congressão, vejo algumas pessoas saindo do stand da “pasta de dente do tubo azul, que remove 14 anos de manchas” com uma sacola mega chique!
Por alguns segundos me passou pela cabeça entrar na fila (gigante) para receber aquele que parecia ser o melhor kit do CIOSP. Mas, a vontade passou no momento que, uma das meninas, retirou de dentro da sacola um kit de tiras branqueadoras da Gisele Top das Tops! Siiiiiiiiiim, aquelas fitinhas que eu postei aqui no blog, especificamente NESSE POST AQUI, que gerou (e ainda gera) polêmica.
Meu coração falhou umas 5 batidas e eu pensei que fosse necessário chamar o SAMU!
O que não me entra na cabeça é: como aquilo foi parar ali depois de tanto bafafá e campanhas em prol da supervisão do procedimento de claramente caseiro?
Nas redes sociais, empresas e dentistas se mostraram preocupados com a venda indiscriminada desse tipo de produto em farmácias. É claro que muitos leitores, que são nossos pacientes, dirão que essa preocupação reflete o medo de perdermos dinheiro/clientes com comercialização dessas tiras.
Mas, antes que lotem os comentários com esse tipo de argumento, voltarei a dizer o motivo que leva a classe odontológica a se preocupar com esse caso.
O problema das tiras não é a eficácia ou, como já li em diversos lugares, o “potencial cancerígeno do produto”. Já foi dito AQUI que a tira contem o mesmo produto utilizado no clareamento caseiro feito sob supervisão profissional: peróxido de hidrogênio em concentração inferior a 10%. Igualzinho, por exemplo, ao produto White Class, da marca FGM. Esse produto existente nas tiras da Gisele é responsável SIM pela mudança de cor dos dentes. Falando o português claro, quero dizer que A BAGAÇA CLAREIA MESMO.
O fato questionado pelos dentistas, de um modo geral é a falta de informação na bula do produto, que não alerta o paciente sobre a necessidade de trocar restaurações e pecas protéticas compreendidas no sorriso estético, bem como possíveis queimaduras e reações adversas causadas pelo produto. E, principalmente, da falta de proteção dos tecidos moles durante esse tipo de procedimento de clareamento. Em outro post, específico sobre Clareamento Caseiro, explico como age o produto e como deve ser feito o procedimento! Leia AQUI!
Como eu demonstrei no post, o produto presente nas tiras, em contato direto com os tecidos moles pode causar lesões ulceradas na gengiva, bem como manchamento dental caso a tira não seja posicionada de forma correta.
É óbvio que, para que esse produto fosse lançado, houve estudos e o aval de um colega de profissão.
Em países como os EUA, a venda desse tipo de produto é comum, bem como outros materiais para higiene oral, como eu também mostrei NESSE OUTRO POST AQUI.
Mas, no nosso país, essa prática não faz parte da nossa cultura.
Sai mais barato para o paciente? Sim, claro! Mas até que ponto essa economia é benéfica? Será que os gastos futuros, oriundos da falta de informação técnica e individualização do tratamento, valerão a pena? A economia de hoje pode ser, literalmente, porca.
Sabemos que os preços cobrados pelos profissionais em seus consultórios são superiores ao que se gasta com o produto vendido na farmácia. Mas, você colocaria, por exemplo, uma prótese de silicone nos seios por uma pequena bagatela de R$ 200,00? Ou acharia esse valor muito barato e desconfiaria de “tamanha bondade”?
O que não me sai da cabeça são as hipóteses para que tal produto tenha sido distribuído no CIOSP. Na minha opinião, as vendas ficaram muito aquém do esperado pela empresa, comparado com a venda do produto em outros países. A esse fato atribuo o sucesso das campanhas que surgiram nos meios de comunicação, em especial nas redes sociais. Outra questão que incomoda é: sabendo da polêmica gerada com o lançamento do produto, por que as entidades como o CROSP e a APCD não brecaram a distribuição das tais fitas?
Sendo assim, colocando aquele produto dentro de uma bolsinha chiquérrima, no meio de mais um monte de produtos, tenta-se fazer com que a classe odontológica engula essa nova “cultura” – a do país que dispensa o dentista do cuidado com a integridade da saúde bucal dos seus pacientes.
Mas, sinto informar que, nem vidros de 10L de enxaguatório bucal me farão engolir os 14 pares de tiras branqueadoras contidos na caixinha azul! Nem que viessem numa caixinha azul da Tiffany!
Fiquei chocada quando vi 2 caixas desse treco dentro da bolsa! Pensei “Que absurdo”, ” Que ousadia”. Falei tão mal desse produto sem testar, que resolvi fazê-lo já que ganhei, né. Minha opinião: A COISA MAIS NOJENTA DESSE MUNDO. A bula, muito mal escrita, diz pra ficar com as tiras por 30 minutos… não aguentei nem 5! Elas saem do lugar, grudam na gengiva, deixam a boca com um gosto terrível (que eu me perguntei: e aí, se engolirem isso?) e falam para colocar as tiras sem escovar os dentes.
Pois bem, continuo sendo contra! E quando me perguntam sobre elas, sou sincera e deixo minha indignação sobre isso bem clara!!!
As tiras também vieram no kit que quem participou da corrida Oral B, no domingo… Independente de ser dentista ou não, quem completou a prova, ganhou. :/
E vc teria a ilusão de q promotores do evento iriam se indispor com a empresa que paga 9 mil o metro quadrado do stand por conta de tiras de clareamento,?? Mais fácil o inferno congelar.